Vice-ministro da Defesa russo anunciou redução dos ataques após fim das conversas entre as delegações Rússia e Ucrânia em Istambul para tentar chegar a um acordo de paz
As tropas russas vão recuar e reduzir ataques em Kiev e Chernihiv, no norte do país, segundo anunciou nesta terça-feira (29) o vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin.
“No sentido de fortalecer a confiança mútua e criar condições necessárias para negociações futuras e alcançar o objetivo final de assinar um acordo, tomamos a decisão de reduzir radicalmente e por uma ampla margem as atividades militares nas direções de Kiev e Chernihiv”, declarou Fomin.
O vice-ministro disse ainda que Moscou vai revelar mais detalhes da decisão e das negociações após a delegação russa retornar ao país. O anúncio foi feito depois do final da nova rodada de negociações que Rússia e Ucrânia realizaram nesta manhã em Istambul, na Turquia, para tentar colocar fim a mais de um mês de ataques russos ao território ucraniano.
No encontro, a Ucrânia propôs adotar a neutralidade, segundo informaram membros da delegação na saída da reunião. O status neutro significa que o país não pode fazer parte de alianças militares, como a Otan, nem hospedar bases militares em seu território.
Em troca, Kiev pediu garantias de segurança, disseram negociadores ucranianos.
As propostas também incluiriam um período de consulta de 15 anos sobre o status da Crimeia anexada e poderiam entrar em vigor apenas no caso de um cessar-fogo completo.
Os negociadores divulgarão ainda nesta terça-feira um documento comum com as conclusões do encontro. A Rússia informou que também só falará sobre o encontro quando os membros de sua delegação chegarem de volta a Moscou.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, abre a sessão de negociação entre Rússia e Ucrânia nesta terça-feira (29) — Foto: via AFP
Reunidas em Istambul, na Turquia, as delegações dos dois países debateram nesta manhã os dois principais pontos impostos pelos ucranianos: garantias de segurança e a organização de um cessar-fogo por questões humanitárias.
Os negociadores foram recebidos pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que pediu o fim imediato da guerra. Na semana passada, a conversa entre os dois países terminou travada nos principais pontos. No domingo (27), porém, o presidente ucraniano disse que seu país estava “pronto” para a neutralidade.
“As conversas que acontecem agora focam em questões importantes. Uma delas são as garantias internacionais de segurança para a Ucrânia e a segunda é o cessar-fogo para que possamos resolver problemas humanitários que se acumularam no país”, disse o conselheiro político do governo da Ucrânia Mykhailo Podolyak. “Com esse acordo seremos capazes de dar um fim à guerra”.
Do lado russo, o negociador Vladimir Medinsky afirmou na televisão estatal do país antes das conversas que os dois lados devem produzir uma declaração conjunta já nesta terça-feira. A delegação enviada pelo Kremlin vai exigir da Ucrânia garantias de neutralidade.
No início da sessão, o presidente turco pediu colaboração das duas partes. “As partes têm preocupações legítimas, é possível chegar a uma solução que seja aceitável para a comunidade internacional. A prorrogação do conflito não interessa a ninguém”, afirmou Erdogan, que pediu pressa às delegações.
“O mundo inteiro espera boas notícias”, disse o líder turco aos negociadores.
Roman Abramovich
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Oligarca Abramovich participa de negociações de paz entre Ucrânia e Rússia em Istambul
O oligarca russo Roman Abramovich, que que tentou se posicionar como negociador entre Moscou e Kiev, também participou do encontro. Abramovich e outros membros da delegação ucraniana passaram mal após reunião na capital da Ucrânia, e foi levantada a suspeita de envenenamento, que o serviço de inteligência dos Estados Unidos negou na segunda-feira (28).
Posição da Turquia
A Turquia recebeu em março a primeira reunião de ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia desde o início da invasão russa. Mas o encontro não resultou em um cessar-fogo e nenhum avanço significativo foi registrado.
A Turquia, que compartilha a costa do Mar Negro com os dois países beligerantes, atua desde o início da crise para manter laços fluidos com as duas partes e e se esforça para atuar como mediador do conflito. Ancara é um aliado tradicional de Kiev e forneceu ao país os drones Bayraktar, que a Ucrânia utiliza no conflito.
Ao mesmo tempo, o governo de Erdogan país também procura manter boas relações com a Rússia, já que depende fortemente das importações de gás e das receitas do turismo.
A Turquia também se envolveu, ao lado de França e Grécia, na negociação de uma retirada humanitária dos milhares de civis bloqueados no porto ucraniano de Mariupol, cercado pelos soldados russos.
FONTE:G1