A fortalezense Hilana Miranda Damasceno, 25 anos, relatou dificuldade em sacar, transferir e converter dinheiro desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Estudante de medicina, a jovem mora na cidade russa de Kursk, na fronteira ucraniana. Segundo ela, o site mais usado para esse tipo de serviço está instável e houve muita procura por saques.
A guerra na Ucrânia, iniciada na madrugada de 24 de fevereiro, já causou mortes e destruição. É o maior ataque militar de um país contra outro desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
“Ontem quando a Rússia invadiu a Ucrânia, foi um impacto entre os estrangeiros. A gente ficou assustado, e muitos deles tentaram sacar dinheiro. Aí acabou que em muitos cantos não tinha mais dinheiro disponível para sacar”, detalhou a estudante da Universidade Estadual Médica de Kursk.
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Ela disse que o serviço de saque está voltando à normalização aos poucos a partir desta sexta-feira (25), mas as transferências ainda apresentam lentidão. “Em relação às transferências, de real para rublos, não acontece de imediato, por conta do método que a maioria dos estrangeiros usam”, explica Hilana.
“A parte financeira é a que eu mais me preocupo, porque, como tem muito estrangeiro aqui e a gente depende de moeda fora do rublo para poder converter, o site que a maioria usa trava. Então [o dinheiro] entra dois, três dias, até uma semana, demora. Então a gente fica na ansiedade de tentar receber o dinheiro”, complementa a universitária.
Rotina em Kursk
A estudante universitária Hilana Miranda Damasceno, que mora na cidade russa de Kursk, próxima à fronteira com a Ucrânia. — Foto: Arquivo pessoal
Apesar do conflito entre os países, Hilana disse que as atividades na cidade russa onde ela mora está pouco afetada, inclusive nas atividades acadêmicas presenciais, embora, a movimentação de veículos militares e o barulho de caças sobrevoando a região sejam mais intensos.
“Em relação à guerra em si, todo mundo sabe que está acontecendo uma guerra na Ucrânia, mas a cidade onde eu estou não está tendo muito alarde. A rotina está normal. Eu não penso em sair porque não está acontecendo nada, não está tendo bombardeio, nenhum tipo de alarde para preocupar”, explicou a cearense.
A cidade em que Hilana sedia uma base militar. “Aqui tem a base militar, a gente vê muito caça, faz muito barulho sim, mas a cidade em si não está sendo atacada. O primeiro impacto que eu tive foi mais visual porque aqui é uma cidade muito próxima da fronteira. Então é muito comum a gente ver caminhão militar”, disse Hilana.
Ela disse que a universidade onde estuda tem muitos estrangeiros, entre eles, vários brasileiros, e que alguns decidiram sair, ao contrário dela. Ela informou também que a Embaixada Brasileira disponibilizou um ônibus para levar a Moscou, mas é opcional. Hilana informou que a capital russa registrou manifestações contra a guerra.
Já com relação à opinião pública, Hilana disse perceber uma divergência entre a população. “O que a gente vê é que tem russos a favor da guerra, a maioria mais velhas, mas os mais novos não apoiam; isso de maneira geral”, disse a universitária.
Mudança para a Rússia
A jovem cearense chegou para estudar e morar na Rússia no começo do mês. “Eu cheguei aqui em Kursk no dia 7 de fevereiro, mas era para eu chegar dia 31 janeiro, só não cheguei porque eu peguei covid”, explica Hilana, que está no quarto semestre da graduação em medicina.
“Os meus pais ficam preocupados [com a tensão militar] porque estão mostrando o que está acontecendo muito na Ucrânia, e não aqui na Rússia. A gente tenta conversar, fazer comunicação via whatsapp, chamada de vídeo. Eu tento acalmar eles, que tentam me acalmar também”, informou a estudante.
FONTE:G1