Escolas municipais de regime integral registram 92 mil matrículas a menos no Ceará em 2020

Autor: admin
Data: janeiro 7, 2021

O coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste avalia que se o governo federal tivesse apoiado o fechamento de aeroportos internacionais em março de 2020, o total de óbitos poderia ser menor.

A realidade do isolamento social rígido, vivido de maio a julho durante o período de lockdown em diferentes cidades do Ceará, foi decisivo para impedir um registro ainda mais elevado de mortes provocadas pela Covid-19 no estado. É o que afirma o neurocientista Miguel Nicolelis, coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste. Ele explica que se, por um lado, a marca de mais de 10 mil óbitos poderia ser ainda maior, por outro, há medidas que poderiam ter amenizado esse impacto.

Cientista Miguel Nicolelis pede lockdown imediato no Brasil, por causa da pandemia

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Cientista Miguel Nicolelis pede lockdown imediato no Brasil, por causa da pandemia

“Primeiro, se não tivesse sido feito o lockdown em Fortaleza, o número seria muito maior. Segundo, se nós tivéssemos tido o apoio do governo federal para fechar os aeroportos internacionais, inclusive o de Fortaleza, no começo de março, e se os Estados tivessem o apoio federal para instituir essas medidas de maneira um pouco mais longa, nós possivelmente teríamos muito menos mortes no Brasil como um todo, e menos mortes em cada um dos Estados”, declara.

Nicolelis avalia que, passada a primeira onda do coronavírus, é deixada uma mensagem clara para gestores públicos, tanto no âmbito federal, quanto estadual e municipal. “A ciência não pode ser usada só quando ela é conveniente para expediência política. Tem que ser usada continuamente, mesmo quando preconiza medidas que são, em teoria, impopulares”, pondera o neurocientista.

Ele aponta, ainda, que o lockdown foi eficaz no Brasil, citando como exemplos Fortaleza, São Luís (MA), João Pessoa (PB) e Recife (PE). Ao lembrar as vezes em que o Comitê recomendou o isolamento social mais rígido para o Nordeste como forma de conter a disseminação do vírus, o coordenador ressalta que há provas da efetividade dessa medida.

“Uma das únicas capitais que não seguiram a recomendação, que foi Salvador, está pagando o preço até hoje, em número de casos e mortes. A primeira coisa que nós precisaríamos era liderança política que disseminasse a mensagem pela população de que, na falta de uma vacina e outras terapias medicamentosas, essa é a única coisa que nós podemos fazer pra evitar o colapso do sistema de saúde”.

Uma das prioridades no momento, segundo Nicolelis, é ajudar a população a não apenas entender o lockdown, mas sobreviver a ele. Também seria crucial o suporte por parte do governo federal, de forma a permitir que a população se mantenha em casa por duas ou três semanas, pelo menos. Além disso, é necessário um esforço comunitário e coletivo por parte da sociedade.

FONTE: G1