Governador alertou que a situação no estado é grave e pode piorar.
O governador Camilo Santana afirmou na noite deste sábado (13) que as unidades hospitalares do Ceará estão cada vez mais lotadas e diante desse cenário preocupante a proibição do carnaval foi necessária para evitar uma situação ainda mais grave no estado.
“Em momento de pandemia não pode haver folia. Nossos hospitais estão cada vez mais lotados. Não pode haver festa diante de uma situação grave, que ameaça piorar. Sei que não é fácil. Uma tradição de tantas décadas de carnaval. Mas é para o bem. Teremos muitos carnavais pela frente”, disse ele em uma publicação nas redes sociais.
As festas de carnaval foram proibidas em todo o estado para conter o avanço da Covid-19. Entre as medidas publicadas em decreto estadual, estão a suspensão do transporte intermunicipal de passageiros e redução do horário de funcionamento das atividades não essenciais como restaurantes e barracas de praia.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI no Ceará é de 86,72%. Desde o início da pandemia, foram registrados 393.650 casos de Covid-19 e 10.822 pessoas morreram em decorrência da doença. As informações são da plataforma IntergraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) atualizadas na noite deste sábado (13).
Fortaleza tem pontos tradicionais de folia esvaziados
A Praça da Gentilândia, o Polo da Mocinha e o Mercado dos Pinhões, locais de Fortaleza que costumam ficar lotados em dias de carnaval, amanheceram vazios neste sábado (13). O aumento dos casos e mortes por Covid-19 levaram Governo do Ceará e Prefeitura de Fortaleza a adotarem medidas mais rígidas contra aglomerações.
As festas estão proibidas em todo o estado, e o comércio não essencial tem horário restrito de funcionamento. (Veja abaixo o que pode e o que é restrito no carnaval 2021 no Ceará.)
‘Compreendo perfeitamente o momento’
Locais onde tradicionalmente há festas de carnaval em Fortaleza ficam vazios — Foto: Kilvia Muniz/SVM
Mercado dos Pinhões, em Fortaleza, fica vazio com a suspensão das festas de carnaval — Foto: Kilvia Muniz/SVM
Organizadores de festas e blocos e foliões lamentaram em entrevista ao G1 a falta do carnaval em 2021, mas disseram entender a situação devido à pandemia.
Há 20 anos com atuação na Capital, o “Bloco Concentra Mas Não Sai” não vai concentrar e nem sair em 2021. O cortejo é um dos mais tradicionais do Pré fortalezense, sem nunca ter tocado no Carnaval, demonstrando o foco total na festividade que antecede os quatro dias de folia. Porém, neste ano, a pausa se faz necessária.
“Não vai ter essa manifestação cultural, que é uma manifestação, que eu digo, quase religiosa. A cada ano as pessoas extravasam, e criam novidades e possibilidades. E nesse ano, não vai ser possível”, comenta Marcus Vinicíus, idealizador do Concentra.
Para ele, a ausência do Pré-Carnaval prejudica a cidade de diversas maneiras. “Você perde essa coisa do encontro entre as pessoas, não vai ter esse festejo que é público, que é gratuito e que as pessoas já estão acostumadas. É óbvio que isso traz prejuízos simbólicos, econômicos e culturais, mas é uma situação que a gente não tem como mudar”, avalia o organizador.
Largo da Mocinha, tradicional ponto de festa de carnaval em Fortaleza, tem barreiras de restrição para evitar aglomeração — Foto: Kilvia Muniz/SVM
O mesmo planejamento, com foco no ano seguinte, é adotado por Adriano Uchoa, vocalista da banda Os Alfazemas e idealizador do bloco “Eu Não Sou Cachorro Não”. O cantor diz que “compreende perfeitamente o momento”, e que não esperava que o Carnaval 2021 fosse acontecer.
Apesar das perspectivas mais objetivas, visando o ano que vem, Adriano sonha com um momento específico. “Eu acredito que vai haver um dia que vai estar tudo liberado. Vai ser um dia histórico, onde alguém vai falar assim ‘ok, podemos voltar’. Então, quando houver esse dia, eu acredito que vai haver um grande carnaval, não interessa se é ou não período de carnaval”, fantasia o cantor.
Restrições no carnaval no Ceará
Ceará tem barreiras para evitar viagem de foliões e festas de carnaval durante a pandemia — Foto: Hallison Ferreira/TV Verdes Mares
Posso ir para um destino tradicionalmente sem muita folia?
Apenas se comprovada a necessidade do deslocamento por motivos de força maior. A determinação inclusive vale para os municípios tradicionalmente mais procurados também.
Vale ressaltar ainda que o decreto sugeriu aos municípios mais buscados durante esse período que sejam adotadas medidas mais rigorosas no controle da doença, a exemplo da instalação de barreiras sanitárias na entrada e saída dos municípios e do estabelecimento de restrição de horário das atividades econômicas.
Posso ir a bares e restaurantes?
O funcionamento desses estabelecimentos segue da seguinte forma:
- entre segunda e sexta, funciona até 20h
- no fim de semana, funciona até 15h.
Quais municípios estão com barreiras sanitárias?
Até a publicação desta matéria, foram informadas barreiras em Fortaleza, Caucaia, Jijoca de Jericoacoara, Aracati, Sobral e Paracuru.
Há alguma orientação para as praias?
Sim. As barracas de praia no estado só podem funcionar até 15h. O único município com horário diferente é Caucaia, que decidiu funcionar até 16h devido ao decreto municipal que impôs barreiras sanitárias no local.
Especificamente em Fortaleza, alguns pontos do litoral vão ter fiscalização intensificada, são eles: Praia do Futuro, Beira Mar e Praia dos Crush — este último ainda vai manter na segunda e na terça-feira (15 e 16) os gradis que são instalados nos fins de semana desde o dia 16 de janeiro.
Posso me deslocar entre um município e outro?
O transporte intermunicipal de passageiros, seja ele coletivo ou individual, está suspenso entre 12 e 17 de fevereiro. Contudo, será permitido caso comprovada a necessidade de entrar na cidade.
Fortaleza possui algumas exceções para o deslocamento. Confira:
- motivos de saúde, para obter ou facilitar assistência em hospitais, clínicas, postos de saúde e outros estabelecimentos;
- entre os domicílios e os locais de trabalho de agentes públicos;
- entre os domicílios e os locais de trabalho;
- para assistência ou cuidados de pessoas com deficiência, crianças, progenitores, idosos, dependentes ou pessoas vulneráveis;
- para participação em atos administrativos ou judiciais, quando convocados pelas autoridades competentes;
- aqueles necessários ao exercício das atividades de imprensa;
- Transporte de carga;
- de pessoas que moram em mais de um município do Estado, desde que devidamente comprovados ambos os domicílios;
- de comprovação de reserva ou de pagamento efetuado em hotéis ou pousadas;
- em estabelecimentos formais de hospedagem;
- “por motivos de força maior ou necessidade impreterível”, desde que devidamente justificados.
Tenho passagens compradas para uma data entre 12 e 17 de fevereiro. O que fazer?
Os bilhetes comprados em empresas de ônibus têm validade de um ano. Então, quem quiser remarcar a data pode ir às agências nesta sexta-feira (12), ou a partir da próxima quinta-feira (18).
FONTE: G1