Reabertura econômica no Ceará

Autor: admin
Data: abril 11, 2021

Vacinação continua lenta e chegou a ser paralisada em Fortaleza por ausência de estoque para aplicação da primeira dose. Números são altos e sugerem certa estabilidade no pico.

Cerca de um mês após a aplicação do isolamento social rígido em todo o Ceará, determinado pelo governador Camilo Santana (PT) a partir de 13 de março, os números da pandemia de Covid-19 continuam altos e sugerem certa estabilidade no pico. Ou seja, índices de novos casos, óbitos provocados pela doença, positividade de exames e atendimentos em unidades de saúde, por exemplo, são altos, mas pararam de subir abruptamente, como vinha acontecendo desde janeiro deste ano.

Neste sábado (10), o governo do Ceará anunciou que os serviços não-essenciais, paralisados há um mês, devem voltar a funcionar de forma escalonada. A partir de segunda-feira, podem reabrir comércio e serviços, com limitação de 25% da sua capacidade de público. Além disso, o isolamento rígido foi limitado aos fins de semana e haverá toque de recolher diariamente.

A vacinação, contudo, continua lenta em todo o Estado por causa da baixa oferta de vacinas enviadas pelo Governo Federal. Fortaleza chegou a suspender a aplicação da dose um nos grupos prioritários durante a semana por ausência do imunizante no estoque, mas retomou-a neste sábado (10).

Os dados coletados para esta reportagem foram extraídos da plataforma IntegraSUS, gerenciada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa-CE), e do consórcio dos veículos de imprensa, que dispõe da série histórica de médias móveis de casos confirmados e óbitos pela Covid-19 no Ceará.

Veja como estão os índices da pandemia no Ceará em meio ao fim do isolamento social rígido:

Mortes

Entre os dias 3 e 9 de abril, a média móvel de óbitos provocados pelo coronavírus no Ceará se manteve acima de 100 em todos os dias. Nessa sexta (9), o Ceará registrou o maior número diário de mortes provocadas pela Covid-19 desde o início da pandemia. A Secretaria da Saúde relatou mais 346 óbitos pela doençaVeja os números da última semana.

  • 9/4: 139
  • 8/4: 114
  • 7/4: 105
  • 6/4: 138
  • 5/4: 138
  • 4/4: 118
  • 3/4: 122

Casos

Entre os dias 3 e 9 de abril, as médias móveis de casos confirmados também se mantiveram altas. Em todos os dias, o índice foi superior a 3 mil registros diários, em média. Na sexta (9), houve o maior deles: 4.645 novos casos em média. Todos os números registrados nesta semana são superiores ao primeiro pico da pandemia, em maio e junho do ano passado. Veja os números da média móvel na última semana:

  • 9/4: 4.645
  • 8/4: 4.582
  • 7/4: 3.565
  • 6/4: 3.942
  • 5/4: 4.029
  • 4/4: 3.940
  • 3/4: 3.871

Ocupação de leitos públicos

Durante a manhã deste sábado (10), de acordo com a plataforma IntegraSUS, a ocupação dos leitos de UTI gerenciados pela administração pública estava em 93,8%, enquanto a de enfermaria atingiu 81,7%. Os números apontam para um iminente colapso dos serviços, com saturação dos leitos de atenção. Durante a semana, hospitais de Fortaleza apresentaram colapso, não tendo vagas para pacientes com Covid-19.

Se consideradas apenas as vagas em leitos mais graves para adultos, a lotação no Ceará passa de 96%. Na quarta-feira (7), Fortaleza registrou a maior ocupação de UTIs para adultos desde o início da pandemia, totalizando 98%. O destaque foi o Hospital Estadual Leonardo da Vinci, referência no tratamento da doença, o qual ficou com apenas três leitos disponíveis para atendimentos de maior complexidade.

Fila de espera

Conforme o IntegraSUS, 883 pessoas estão na fila de espera por leitos de UTI ou enfermaria em todo o Ceará, nesta sexta-feira (9). São 508 pessoas aguardando vagas em UTIs e 375 em enfermarias no estado. O maior número de requerentes de regulação está em Fortaleza que concentra 27% dos pedidos de transferência.

Embora a fila seja uma das menores registradas durante a semana, O Ceará amanheceu nessa sexta com mais de mil pessoas à espera de leitos, maior número já contabilizado desde que o indicador é publicado pela Secretaria da Saúde do Ceará.

Alerta altíssimo

Mapa mostra 177 municípios com nível de alerta altíssimo para a Covid-19 — Foto: Reprodução/IntegraSUS

Mapa mostra 177 municípios com nível de alerta altíssimo para a Covid-19 — Foto: Reprodução/IntegraSUS

Segundo o IntegraSUS, 177 municípios cearenses estão com nível de alerta altíssimo para Covid-19. O dado considera informações de leitos de UTI ocupados, internações por causas respiratórias, taxa de letalidade e incidência de casos por 100 mil habitantes. Os números mais atuais são relativos ao período de 21 de março a 3 de abril.

Atendimento em UPAs

Entre os dias 1º e 8 de abril de 2021, os atendimentos por suspeita ou confirmação de Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em Fortaleza totalizaram 4.529, uma média de 566 serviços prestados por dia. Já entre os dias 1º e 8 de março, um mês antes, foram 4.655 atendimentos, com média de 581 a cada 24 horas.

A média diária de transferências para serviços mais especializados no período também reduziu, indo de 35,5 nos primeiros dias de março para 29,5, nos primeiros dias de abril.

Por outro lado, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Fortaleza informou que os postos de saúde da capital registraram o dobro de atendimentos por síndrome gripal em março quando comparado ao mês de fevereiro. Os números foram de 20.549 pacientes atendidos com quadro suspeito de Covid-19 para 45.473 em apenas um mês. A Pasta ainda divulgou os dados de abril.

Positividade de exames

Outro índice que aponta para o arrefecimento ou não da pandemia é a quantidade de exames positivos para a Covid-19 registrados no Ceará. Quanto mais próximo de 100%, pior a situação.

Nesta semana, o Ceará apresenta positividade de 44,08%; ou seja, a cada 100 exames, 44 registram a infecção viral. Os dados do IntegraSUS também apontam que o índice está um pouco abaixo da semana anterior, quando chegou a 44,56%. Este número é o maior desde junho de 2020, no auge da primeira onda.

FONTE: G1