Presidente e primeira-dama dos EUA entraram em quarentena e ficarão em isolamento na Casa Branca por tempo ainda indeterminado. Eles fizeram os testes após diagnóstico positivo de uma assessora. No passado, Trump questionou a eficácia do uso de máscaras.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na madrugada desta sexta-feira (2) que ele e a primeira-dama, Melania, tiveram diagnóstico positivo para o coronavírus e entraram em isolamento.
“Esta noite, Melania e eu testamos positivo para Covid-19. Começaremos nosso processo de quarentena e recuperação imediatamente. Vamos passar por isso juntos!”, postou Trump em uma rede social.
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A assessora Hope Hicks, de 31 anos, esteve a bordo do avião presidencial com Trump na última terça-feira (29), para acompanhar a ida do presidente a Cleveland, onde ele participou do primeiro debate eleitoral com o candidato do Partido Democrata, Joe Biden.
Hope também viajou com o presidente na quarta (30), para um comício em Minnesota.
No entanto, Trump pode ter se infectado em outros momentos. Durante a semana, ele esteve em contato com funcionários do governo, da campanha, doadores e apoiadores.
Trump foi a um evento particular para levantar dinheiro para a sua campanha na casa de um doador de Minneapolis. No comício que ele fez em Minnesota, muitos participantes não usaram máscaras.
Antes do debate contra Joe Biden, na terça-feira, ele participou de sessões de preparação com membros de sua equipe em salas da Casa Branca. De acordo com o “New York Times”, os funcionários passam por testes com frequência, e, por isso, deixam de usar máscaras e tomar outras medidas de precaução.
Presidente está bem, diz médico da Casa Branca
Na quinta-feira (1), Trump viajou a um de seus clubes de golfe em Nova Jersey, onde participou de um evento para levantar recursos para campanha. Lá, ele esteve em contato com seus apoiadores. De acordo com o jornal “The Washington Post”, o presidente não usou máscara durante o dia.
Por conta do caso da assessora, Trump e Melania entraram em quarentena algumas horas antes de saber do resultado dos seus próprios testes.
Trump é um idoso de 74 anos e, de acordo com a rede americana CNN, é levemente obeso. Esses dois fatores o tornam mais suscetível a desenvolver sintomas graves da Covid-19.
O porta-voz da Casa Branca, Judd Deere, declarou apenas que Trump “leva muito a sério sua saúde, bem como a de todos que trabalham para ele”.
O médico da Casa Branca, Sean Conley, informou que Trump “está bem” e “cumprirá suas funções sem interrupções”. Ele não especificou quantos dias o casal ficará em quarentena. Médicos e especialistas indicam ao menos 14 dias de isolamento.
Uma viagem à Flórida marcada para esta sexta-feira (2) foi cancelada.
Primeira-dama
A primeira-dama Melania se manifestou sobre o diagnóstico em uma rede social. Ela pediu aos americanos para se protegerem.
“Como muitos americanos fizeram este ano, Donald Trump e eu estamos em quarentena em casa após teste positivo para Covid-19. Estamos nos sentindo bem, e adiei todos os próximos compromissos. Por favor, certifique-se de que você está seguro e vamos todos passar por isso juntos”, postou Melania.
Máscara no debate
Durante o primeiro debate da corrida à Casa Branca, Trump e Biden discutiram a pandemia no EUA. Trump insistiu na ideia de que a imprensa quer prejudicá-lo ao criticar a condução das medidas contra a pandemia, embora, segundo ele, até mesmo governadores democratas elogiem suas iniciativas no combate à pandemia. Biden deu risada da afirmação.
Trump acusou Biden de querer manter os EUA fechados e disse que isso iria destruir o país. O democrata afirmou que era a favor de manter medidas de segurança necessárias para evitar o aumento do número de casos e mortes.
O presidente chegou a ironizar o uso de máscaras, dizendo que muitos especialistas não recomendam a prática:
“Eu não uso uma máscara como (Biden), toda vez que você o vê, ele tem uma máscara. Ele pode estar falando a 60 metros de distância e aparece com a maior máscara que eu já vi”, disse Trump.
Trump contraiu o vírus a uma mês da eleição presidencial nos EUA, marcada para o dia 3 de novembro. Em isolamento, ele não poderá fazer campanha presencial.
O calendário de debates previa dois outros encontros antes da votação, nos dias 15 e 22 de outubro.
Com mais de 7,2 milhões de casos e 207 mil mortes, os Estados Unidos são o país com o maior número de infecções e óbitos por Covid-19 em todo o mundo.
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FONTE: G1